04 fevereiro, 2008

A última estante II




........foi parar num beco úmido e imundo. Suas mãos estavam geladas e sua respiração produzia uma fumaça, pois estava tremendamente frio. Encaminhou-se para a rua, onde pôde ouvir passos apressados de soldados em marcha, que felizmente não a viram. Encaminhando-se para perto do rio, surpreendeu-se com a velocidade de um carro, que encostou ali ao seu lado, sua placa parecia ser da Holanda e de dentro dele, saltaram quatro homens armados. Eles entraram num grande depósito e causaram um enorme tumulto, mas passados alguns minutos, Júlia os viu descer as escadas do prédio, com oito pessoas algemadas que foram colocadas num caminhão, acompanhadas por um senhor de olhos muito azuis. Antes de entrar no caminhão, uma das duas meninas algemadas, ainda volveu os olhos para as águas do canal e esboçou um sorriso, os seus olhos se encontraram e Júlia lhe acenou, mas a menina parecia não estar ali. O caminhão partiu e deixou para trás, algumas pessoas entristecidas e chorosas. “O que aquelas pessoas podem ter feito de tão ruim para serem presas daquela maneira?” Esta pergunta não lhe sai da mente, e em busca de respostas, ela conseguiu entrar no depósito e subindo vários lances de escadas até chegar numa prateleira giratória que estava encostada, deixando aberta a entrada para uma porta. Ali foi, provavelmente o local das buscas policiais, já que o chão estava repleto de papéis, roupas e livros. Júlia se abaixou e não pôde acreditar no que leu num caderno vermelho xadrez: Anne Frank. Agora tudo fazia sentido em sua mente. De certa forma, ela fora transportada para o passado e estava na Holanda, que havia sido tomada pelas tropas de alemãs. Aquele esconderijo, era a casa onde Anne Frank havia passado dois anos escondida, pois ela e todos os que estavam ali, eram judeus e judeus eram perseguidos pelo Nazismo, partido de Adolf Hitler. Júlia saiu assustada e ao chegar à rua, viu as faixas do partido Nazista, com as cores vermelho, branco e preto, nas bandeiras com as enormes suásticas. Havia mesmo existido uma época como aquela? A professora estava certa, aquele foi o império da intolerância, implantado por um homem que se aproveitou da fraqueza de um país. Mas e agora? E quanto a ela mesma, como iria voltar para casa?
Como num passe de mágica Júlia percebeu que poderia fazer pequenas viagens através do tempo, apenas olhando fixamente para um ponto e pensando em uma pergunta: mas afinal, quem era aquele homem fanático, louco, que estava cometnedo tantas atrocidades? Quem era Adolf Hitler? De onde veio, qual a sua formação, seus planos, seus objetivos? Olhando fixamente para as águas do canal, Júlia foi transportada para a Alemanha, alguns anos antes, onde pôde assistir de perto juntamente com uma multidão reunida num estádio, a voz gritante de um político de bigodinho ridículo, era ele!

Nenhum comentário: